Entre o Gramado e a Exclusão: Raça, Classe e o Imaginário Nacional
Entre o Gramado e a Exclusão: Raça, Classe e o Imaginário Nacional Vanessa Maria de Castro Brasília, maio de 2025. Introdução Discutir as origens do futebol no Brasil, especialmente a formação de seus clubes, não é apenas um exercício de recuperação histórica, mas uma chave fundamental para compreender as dinâmicas de raça, classe e desigualdade que estruturam a sociedade brasileira. O futebol, frequentemente tratado como mero entretenimento ou paixão nacional, é, na realidade, um potente espelho das tensões, exclusões e disputas simbólicas que atravessam o país desde o período pós-abolição. Ao longo do século XX, o futebol operou, simultaneamente, como espaço de inclusão e exclusão. A formação dos primeiros clubes, como o Fluminense, o Botafogo, o América e outros, estava profundamente ancorada nos ideais de branquitude, civilização e modernidade que orientavam a elite republicana, marcada por uma política explícita — formal ou informal — de branqueamento da populaçã...