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Mostrando postagens de novembro, 2025

A Gramática da Guerra: Linguagem, Poder e Estado de Exceção na América

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A Gramática da Guerra: Linguagem, Poder e Estado de Exceção na América Vanessa Maria de Castro Brasília, 30 de novembro de 2025 Introdução A política internacional do século XXI tem cada vez menos fronteiras nítidas entre a paz e a guerra. Os conflitos convencionais, com trincheiras e frontes definidos, cedem espaço a uma guerra difusa, na qual a linguagem não é meramente um relato dos fatos, mas o próprio campo de batalha. Este ensaio examina esse fenômeno a partir do epicentro de uma crise hemisférica: a decisão dos Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, de fechar o espaço aéreo da Venezuela em novembro de 2025. Este ato, um casus belli em sua materialidade, é a ponta visível de um iceberg estratégico muito mais profundo. O que está em curso é uma guerra gramatical – um conflito onde a construção semântica de inimigos, a securitização de problemas sociais e a narrativa de exceção precedem e legitimam a ação militar.  Neste ensaio proponho o conceito de "Gramática d...

Bolsonaro Está Preso, mas Suas Ideias Continuam Livres: os Sombrios Ecos que Ameaçam a Democracia

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Bolsonaro Está Preso, mas Suas Ideias Continuam Livres: os Sombrios Ecos que Ameaçam a Democracia Vanessa Maria de Castro  Brasília, 22 de Novembro de 2025.  A prisão preventiva de Jair Bolsonaro, no dia 22 de novembro de 2025, um sábado, às 6h da manhã, em Brasília,  não encerra um ciclo. Ao contrário, reflete um dos momentos mais delicados da experiência democrática brasileira após a nova República: a coexistência paradoxal entre a responsabilização de um indivíduo e a permanência viva, orgânica e disseminada das ideias que ele encarnou. A prisão de Bolsonaro não encerra um ciclo, mas é um resgate da justiça e uma reafirmação de que o Estado de Direito pode, sim, corrigir os abusos do poder. Mesmo com a continuidade das ideias que ele propagou — de autoritarismo, negação da ciência e da democracia — a prisão de um ex-presidente por suas ações antidemocráticas é um marco simbólico que fortalece a democracia.  Não se trata apenas de uma prisão física, mas da afirmaçã...

Educação em Para-Direitos Humanos: Emancipação, Ética e Resistência na Construção da Dignidade

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Educação em Para-Direitos Humanos: Emancipação, Ética e Resistência na Construção da Dignidade Vanessa Maria de Castro  Introdução Repensar a educação em para-direitos humanos exige mais do que incorporar conteúdos formais sobre direitos: requer uma transformação epistemológica e prática do ato de educar. A partir das contribuições de pensadores como Emmanuel Levinas, Hannah Arendt, Paulo Freire, bell hooks, Michael Foucault e Byung Chul Han o presente ensaio propõe que educar seja compreendido como um exercício ético, político e emancipatório, centrado na alteridade um, no reconhecimento do Outro e na promoção da singularidade de cada sujeito. Ao analisar exemplos históricos, como os Little Rock Nine, e situações contemporâneas de discriminação racial nas escolas brasileiras, busca-se evidenciar que direitos legais e formais, por si só, não garantem dignidade ou inclusão. Nesse contexto, a educação deve criar espaços de cuidado, proteção e participação, capacitand...