Tarifaço, Guerra Híbrida e Democracia: Impactos da Ofensiva de Trump no Brasil





Tarifaço, Guerra Híbrida e Democracia: Impactos da Ofensiva de Trump no Brasil


Vanessa Maria de Castro 

Da série: Cadernos de Estudo

Brasília, 27 de julho de 2025 


A imposição unilateral de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, prevista para agosto de 2025, vai além de uma simples medida comercial. Ela expõe e aprofunda as vulnerabilidades econômicas do Brasil, país periférico e fortemente dependente da exportação de commodities para o mercado norte-americano. Em 2024, o comércio bilateral somou mais de US$ 91 bilhões, com o Brasil exportando cerca de US$ 42 bilhões para os EUA, o que representa cerca de 1,9% do PIB brasileiro, enquanto as exportações dos EUA para o Brasil correspondem a apenas 0,18% do PIB americano (UNITED STATES, 2024; BRASIL, 2024; FMI, 2024)..


O impacto econômico previsto inclui a perda de até 40% do volume exportado para os EUA, o que pode significar uma redução anual de US$ 16,8 bilhões nas exportações brasileiras, equivalente a uma queda de aproximadamente US$ 25 bilhões no PIB e a perda de 350 mil a 400 mil empregos. A medida, portanto, ameaça a estabilidade econômica, social e institucional do Brasil.

Além das consequências econômicas, o tarifaço representa uma estratégia política de coerção geopolítica, cujo objetivo é desestabilizar o governo progressista de Lula, enfraquecendo a democracia brasileira e dificultando a implementação de políticas soberanas. Essa ação contribui para a reprodução da dependência econômica, a despolitização da sociedade e o fortalecimento de discursos autoritários.

Diante desse cenário, é fundamental que o governo brasileiro adote uma postura estratégica, evitando respostas simplistas ou nacionalismos vazios que possam ser apropriados por forças conservadoras. A resistência eficaz exige políticas industriais soberanas, diversificação econômica, articulação diplomática e um discurso político responsável, que reconheça a gravidade da crise e fortaleça a democracia e a soberania nacional.


Assimetrias comerciais e impactos da tarifa norte-americana sobre o Brasil


Em 2024, o comércio bilateral entre Brasil e Estados Unidos atingiu um volume expressivo, embora assimétrico em termos de relevância para cada economia. As exportações brasileiras para os EUA somaram aproximadamente US$ 42 bilhões (TRADING ECONOMICS, 2025), enquanto os Estados Unidos exportaram cerca de US$ 49,7 bilhões em bens para o Brasil (U.S. CENSUS BUREAU, 2025). Esses números compõem um comércio total bilateral de mais de US$ 91 bilhões, refletindo uma parceria econômica relevante — embora com pesos distintos para cada país.


Para o Brasil, as exportações para os EUA representaram cerca de 1,9% do seu Produto Interno Bruto (PIB), estimado em US$ 2,179 trilhões em 2024 (BANCO MUNDIAL, 2025). Já as exportações norte-americanas para o Brasil corresponderam a apenas 0,18% do PIB dos EUA, que alcançou US$ 27,9 trilhões no mesmo ano (FMI, 2025). Esses dados revelam uma dependência econômica significativamente maior do Brasil em relação ao mercado norte-americano do que o contrário.


Entre os principais produtos exportados pelo Brasil para os EUA estão: petróleo bruto e derivados, minério de ferro e aço, aeronaves (como as da Embraer), café, celulose, carnes e madeira (TRADING ECONOMICS, 2025). Já as exportações norte-americanas para o Brasil concentram-se em máquinas e equipamentos industriais, combustíveis refinados, produtos químicos, farmacêuticos, aeronaves, plásticos e equipamentos médicos (U.S. CENSUS BUREAU, 2025; STATISTA, 2025).


Diante disso, setores como café, suco de laranja, carne bovina, aviões, madeira e máquinas industriais — todos fortemente dependentes do mercado norte-americano — poderão ser duramente afetados, com perda de competitividade, redução nas exportações e potenciais efeitos em cadeia sobre o emprego, a produção e o equilíbrio cambial (REUTERS, 2025; THE GUARDIAN, 2025).


Por outro lado, o efeito sobre a economia dos Estados Unidos, ainda que relevante para setores específicos de exportação ao Brasil, tende a ser modesto em termos macroeconômicos, dado que o Brasil representa uma fração muito pequena de seu comércio exterior e de seu PIB.


Essa assimetria reforça o desafio estratégico para o Brasil: diversificar mercados, reduzir vulnerabilidades externas e fortalecer sua política industrial e comercial. Também ressalta a necessidade de articulação diplomática e institucional, inclusive no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), para mitigar efeitos de medidas protecionistas que, embora legalmente controversas, têm grande impacto sobre economias periféricas e exportadoras de commodities.




Cenário de Prejuízo Prolongado: Impactos Econômicos da Tarifa de 50% dos EUA sobre Exportações Brasileiras

A imposição de uma tarifa de 50% representa não apenas um gesto de endurecimento comercial, mas uma inflexão preocupante na já assimétrica relação econômica entre os dois países. Caso tal medida se mantenha de forma duradoura, os efeitos para o Brasil ultrapassam o campo comercial e adentram esferas estruturais — impactando o crescimento do PIB, o emprego formal, a arrecadação tributária e a própria inserção internacional do país.

Em 2024, as exportações brasileiras para os EUA totalizaram cerca de US$ 42 bilhões, segundo dados da Trading Economics (2025), correspondendo a aproximadamente 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que foi de US$ 2,179 trilhões (BANCO MUNDIAL, 2025). Entre os principais produtos exportados estão petróleo bruto e derivados, minério de ferro, aço, aeronaves, carne bovina, café, suco de laranja, celulose e madeira. Esses setores formam a espinha dorsal da pauta exportadora brasileira para o mercado norte-americano, e muitos deles dependem fortemente desse destino.

Por outro lado, os EUA exportam para o Brasil uma vasta gama de produtos industriais e tecnológicos. O principal item exportado pelos EUA é petróleo e derivados, com um valor aproximado de US$ 12,8 bilhões (U.S. CENSUS BUREAU, 2025). Os máquinas e aparelhos mecânicos seguem com US$ 4,5 bilhões, seguidos pelas aeronaves e suas partes, com US$ 3,3 bilhões. Outros produtos importantes incluem produtos químicos orgânicos (US$ 2,1 bilhões) e instrumentos ópticos, fotográficos e médicos (US$ 1,8 bilhões), que são essenciais para as indústrias brasileiras. Automóveis e suas partes somam US$ 1,5 bilhões, e fertilizantes, plásticos e produtos farmacêuticos também têm grande presença no mercado brasileiro, totalizando cerca de US$ 1,0 a 1,1 bilhões (U.S. CENSUS BUREAU, 2025).

Essa troca demonstra como o Brasil e os Estados Unidos estão conectados por meio de um fluxo de commodities, produtos industriais e tecnológicos essenciais para ambas as economias, onde o Brasil contribui com recursos naturais e alimentos, enquanto os EUA fornecem tecnologias avançadas e produtos industriais que impulsionam a produção brasileira.

Com base em experiências anteriores e análises tarifárias internacionais, estima-se que até 40% do volume exportado anualmente possa ser perdido, em razão da perda de competitividade frente a países como México, Vietnã, Colômbia e Canadá (REUTERS, 2025; THE GUARDIAN, 2025). Isso representa uma perda direta estimada de US$ 16,8 bilhões por ano para a economia brasileira.

Com o objetivo de sintetizar os principais efeitos macroeconômicos dessa retração prolongada, apresenta-se a seguir uma tabela-resumo com os prejuízos estimados:


Tabela 1 – Estimativas de prejuízo anual para o Brasil em caso de manutenção do tarifaço de 50% pelos EUA

Indicador

Valor estimado

Perda anual de exportações

US$ 16,8 bilhões

Impacto estimado no PIB

US$ 25 bilhões (≈1,15% do PIB)

Perda estimada de empregos

350 mil a 400 mil postos de trabalho

Perda em arrecadação tributária

R$ 15 bilhões (estimativa indireta)

Fonte: CNI (2024), IBGE (2024), IPEA (2024), SECEX (2024), ANBA (2024), Dieese (2024).



Esses números ilustram a gravidade do impacto potencial de longo prazo. Os efeitos dessa retração não se limitam ao setor externo. Conforme demonstram estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI), cada US$ 1 bilhão em exportações industriais brasileiras gera, em média, US$ 1,5 bilhão em valor adicionado ao PIB, considerando os efeitos diretos e indiretos sobre a cadeia produtiva. Portanto, a perda de US$ 16,8 bilhões em exportações pode levar à redução de até US$ 25 bilhões no PIB anual brasileiro — o que representa cerca de 1,15% da economia nacional.

Em termos de emprego, o impacto também seria considerável. De acordo com dados do DIEESE, cada US$ 1 bilhão em exportações industriais sustenta entre 20 mil e 25 mil postos de trabalho diretos e indiretos. Assim, a retração de US$ 16,8 bilhões pode significar a eliminação de aproximadamente 350 mil a 400 mil empregos formais, com maior incidência nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste — áreas fortemente industrializadas e agroexportadoras.

Essa combinação de perda cambial, retração produtiva e desemprego pode, ainda, afetar significativamente a arrecadação pública. Estimativas conservadoras apontam para uma queda de pelo menos R$ 15 bilhões anuais na arrecadação tributária, considerando impostos sobre produção, circulação, exportação e folha de pagamento. Isso compromete a capacidade de financiamento de políticas públicas e amplia a vulnerabilidade fiscal do Estado brasileiro.

Do ponto de vista sistêmico, a permanência de um tarifaço dessa magnitude reconfigura a posição do Brasil na economia global. A exclusão parcial do mercado norte-americano exige uma resposta rápida e eficaz: diversificar os destinos de exportação, ampliar acordos com a Ásia, África e América Latina, estimular a substituição de importações essenciais e, sobretudo, repensar a base produtiva nacional — hoje excessivamente dependente de commodities e produtos com baixo valor agregado. Além disso, há que se considerar o impacto geopolítico: o Brasil pode ser empurrado a buscar alianças estratégicas fora do eixo transatlântico, o que pode alterar sua posição em organismos multilaterais e nas disputas internacionais por tecnologia e financiamento.

Por fim, este cenário reforça a necessidade urgente de o país adotar uma política industrial de novo tipo, aliada a uma estratégia comercial soberana e sustentada, com investimento em inovação, infraestrutura e valor agregado. O tarifaço expõe a fragilidade brasileira diante de medidas protecionistas unilaterais e evidencia que uma economia fortemente dependente da exportação de bens primários continua vulnerável a choques externos — com custos sociais e econômicos elevados.

Impactos Regionais do Tarifaço dos EUA sobre as Exportações Brasileiras

O impacto do tarifaço não será uniforme em todo o país. Alguns estados, devido à sua alta dependência das exportações para os Estados Unidos, terão perdas mais significativas, com reflexos em setores estratégicos como petróleo, minerais, carne, aeronaves, suco de laranja, entre outros. Esses estados incluem os grandes exportadores como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, bem como estados com alta dependência dos EUA, como Ceará e Sergipe.

A tabela a seguir detalha as exportações brasileiras para os EUA, com foco nas principais mercadorias e estados exportadores, além de apresentar a estimativa de perda econômica caso a tarifa de 50% seja efetivamente implementada. O impacto sobre o mercado local, especialmente nas indústrias e no emprego, pode ser expressivo, exigindo uma adaptação estratégica das empresas e políticas públicas de apoio a setores mais vulneráveis.


Tabela 2: Estimativa de Impacto Econômico Regional do Tarifaço dos EUA sobre as Exportações Brasileiras

Produto

Valor Exportado (US$ bilhões)

Estados Principais Exportadores

Impacto Estimado com Tarifa de 50% (US$ bilhões)

Petróleo Bruto e Derivados

3,1

Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo

1,55

Carne Bovina

1,2

Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina

0,6

Aço e Ferro

4,7

Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro

2,35

Aeronaves (Embraer)

2,5

São Paulo

1,25

Celulose

4,95

Mato Grosso do Sul, Bahia, Espírito Santo

2,475

Café

14,7

Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo

7,35

Suco de Laranja

3,48

São Paulo, Minas Gerais, Bahia

1,74

Minério de Ferro

13,4

Pará, Minas Gerais

6,7

Madeira e Produtos de Madeira

1,5

Pará, Rondônia, Santa Catarina

0,75

Ferro Fundido

0,3

Ceará

0,15

Pescados (Frutos do Mar)

0,1

Ceará

0,05

Calçados

0,25

Ceará

0,125

Petróleo (Sergipe)

0,5

Sergipe

0,25

Fonte: CNI (2024), IBGE (2024), IPEA (2024), SECEX (2024), ANBA (2024), Dieese (2024).


Os estados que mais exportam para os EUA, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, enfrentam perdas significativas em setores chave, como petróleo, carne, minério de ferro, aeronaves e café. Esses estados são responsáveis por uma grande parte das exportações totais para os EUA, e a aplicação de tarifas poderá reduzir sua competitividade, afetando diretamente a produção, o emprego e a arrecadação tributária local.

Os impactos do Tarifaço dos EUA sobre as exportações brasileiras vão afetar de maneira distinta os estados, dependendo de suas atividades econômicas e da orientação política de seus governantes. Estados como Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, que dependem fortemente de produtos como minério de ferro, aeronaves e petróleo, provavelmente enfrentarão os maiores prejuízos. Com governos conservadores ou liberais, como os de Romeu Zema (Minas Gerais), Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Cláudio Castro (Rio de Janeiro), a resposta política será voltada para negociações comerciais, buscando alternativas de mercado e pressionando o governo federal por medidas que minimizem o impacto no setor industrial e no agronegócio. Por outro lado, estados como Espírito Santo e Ceará, com governos mais progressistas, tendem a adotar uma abordagem de sustentabilidade e diversificação comercial, buscando alternativas de mercado e intensificando a diplomacia para reduzir os prejuízos. Em suma, a orientação política dos governadores influencia diretamente como cada estado irá responder ao desafio econômico, com uma maior ênfase em negociações no caso dos governos mais conservadores, e em soluções sustentáveis e inclusivas nos estados com maior viés progressista.


Além disso, estados como Ceará e Sergipe, que embora representem uma parcela menor das exportações totais para os EUA, têm uma dependência muito mais alta desse mercado, o que os torna particularmente vulneráveis às novas tarifas. A alta dependência de commodities como ferro fundido, pescados, calçados e petróleo coloca essas economias em uma posição delicada, demandando respostas estratégicas para mitigar as perdas.

A estimativa dos impactos econômicos regionais revela que as perdas podem ser expressivas, com reflexos em vários setores, desde a indústria até a agricultura e o comércio. O ajuste a essas novas condições exigirá esforços de diversificação comercial, apoio às indústrias mais afetadas e, possivelmente, uma revisão das políticas públicas para fortalecer as economias locais diante da instabilidade comercial.

O cenário exige que o Brasil invista em estratégias alternativas, como o fortalecimento de relações comerciais com outros blocos econômicos e países, além da adoção de políticas que favoreçam a adaptação das empresas e a preservação dos empregos nas regiões mais vulneráveis.



Impactos político-culturais do tarifaço: dependência, despolitização e fragilidade democrática

Se os impactos econômicos da tarifa de 50% já são relevantes, os efeitos político-culturais de longo prazo são ainda mais profundos. A literatura especializada em economia política internacional, sociologia crítica e teoria da dependência ajuda a compreender como medidas tarifárias unilaterais, aplicadas por potências centrais, operam como mecanismos de disciplinamento geopolítico, reforçando hierarquias internacionais e enfraquecendo projetos nacionais de desenvolvimento (Amin, 1977; Arrighi, 1996; Wallerstein, 2004).

No Brasil, medidas desse tipo tendem a reativar estruturas de subordinação histórica. Como mostram autores como Jessé Souza e Ladislau Dowbor, a fragilização econômica causada por pressões externas costuma legitimar narrativas de adaptação passiva, impedindo a formulação de projetos soberanos de industrialização e desenvolvimento tecnológico (Souza, 2017; Dowbor, 2017).

Do ponto de vista da cultura política, Nancy Fraser e Wendy Brown argumentam que o enfraquecimento do Estado diante do capital global e da instabilidade cambial favorece a ascensão de discursos autoritários, a despolitização das massas e o recuo da esfera pública democrática (Fraser, 2019; Brown, 2021). Isso é especialmente grave no Brasil, onde a retração do setor produtivo e a precarização do trabalho já vêm alimentando dinâmicas de polarização e ressentimento social.

A esse quadro soma-se a dimensão simbólica do processo. Para Pierre Bourdieu, os choques econômicos repetitivos criam um habitus de subordinação, que molda o imaginário coletivo, reforça a noção de que o país está condenado à dependência e internaliza a ideia de inferioridade nacional. A esse respeito, Gramsci alerta que o domínio cultural precede o domínio político, sendo essencial à manutenção de uma ordem desigual.

Neste ponto, o pensamento de Giorgio Agamben oferece uma chave adicional de interpretação. O autor propõe o conceito de estado de exceção como uma técnica moderna de governo em que a normalidade democrática é suspensa, não por decreto formal, mas por práticas que operam no vazio legal e político (Agamben, 2004). A imposição do tarifaço por uma potência como os Estados Unidos, com impacto severo sobre a economia e a soberania de um país periférico, pode ser lida como a criação de um estado de exceção econômico, no qual o Brasil é forçado a operar sob constrangimento externo e com sua capacidade de decisão interna comprometida. A exceção aqui não é declarada, mas material: instala-se quando a economia é capturada por forças externas que impedem o exercício pleno da soberania democrática.

Por fim, a colonialidade do poder, como conceituada por Aníbal Quijano e desenvolvida por Rita Segato, ajuda a entender como essas relações comerciais violentam não apenas a economia periférica, mas também a subjetividade e o horizonte de autodeterminação dos povos. O tarifaço, assim, não é apenas um gesto técnico: é um dispositivo colonial que impõe limites ao desejo coletivo de soberania.


O tarifaço de Trump como estratégia autoritária para desestabilizar governos progressistas periféricos e corroer a democracia

O governo de Donald Trump adotou uma postura agressiva e explícita contra o Brasil ao impor a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a vigorar a partir do dia 1º de agosto. Em uma jogada que ultrapassa o campo econômico para atingir diretamente a democracia, o governo e a justiça brasileiras. O governo de Donald Trump, não é uma simples medida comercial, mas sim uma estratégia deliberada para desestabilizar a democracia brasileira, diante da existência de um governo progressista que desafia os interesses hegemônicos norte-americanos.

Trump, conhecido por seu estilo de blefe e jogo duro na arena internacional, utiliza o tarifaço como uma ferramenta de pressão geopolítica para tentar desestabilizar o governo progressista de Lula e criar um ambiente político e econômico tão adverso  que desestabilize o governo.

No entanto, essa aposta tem uma assimetria brutal: enquanto Trump e os Estados Unidos têm muito a ganhar em termos de hegemonia global e pouco a perder — dado o peso gigantesco do PIB americano e a pequena participação do Brasil no comércio americano (0,18% do PIB dos EUA contra 1,9% do PIB do Brasil) — o Brasil sofre perdas econômicas profundas, com potencial queda de até US$ 25 bilhões no PIB e destruição de centenas de milhares de empregos (BANCO MUNDIAL, 2025; FMI, 2025; DIEESE, 2024). Este cenário é muito confortável para Trump jogar e pode até blefar. 

O Brasil, enquanto país periférico, ocupa uma posição vulnerável no sistema global, com um Produto Interno Bruto muito inferior ao dos Estados Unidos e uma dependência econômica significativa do mercado norte-americano. Essa assimetria torna o Brasil suscetível a pressões econômicas que podem comprometer seu desenvolvimento soberano (BANCO MUNDIAL, 2025; FMI, 2025).

A estratégia de Trump visa minar a capacidade política do governo progressista brasileiro, gerando uma crise econômica através do tarifaço, que pode acarretar perdas bilionárias para o PIB nacional e milhares de empregos, impactando diretamente a estabilidade social e política do país (REUTERS, 2025; DIEESE, 2024). Esse impacto cria um ambiente propício para a ascensão de forças conservadoras e autoritárias, enfraquecendo as bases democráticas.

Assim, o governo Trump “joga pesado” com a democracia brasileira, com as instituições jurídicas e com o próprio governo brasileiro, apostando em um jogo de pressão econômica que pode gerar uma crise política e social grave. O blefe de Trump é, na verdade, um ato calculado de coerção autoritária, em que ele “perde” muito pouco e faz o Brasil “perder” muito — enquanto monitora atentamente o desenrolar da situação, sobretudo  havendo eleições no Brasil para o próximo ano. 

Mais do que uma disputa econômica, o tarifaço funciona como uma tecnologia autoritária, um instrumento de coerção que busca corroer o Estado democrático de direito no Brasil, dificultando a implementação de políticas soberanas e progressistas que contrariem a ordem neoliberal e os interesses geopolíticos dos EUA.

Portanto, o tarifaço é muito mais do que uma medida comercial: é um instrumento de guerra híbrida contra a democracia e a soberania do Brasil, cuja consequência direta é o enfraquecimento do governo Lula e o aprofundamento das vulnerabilidades institucionais e sociais brasileiras. Reconhecer essa dinâmica assimétrica é crucial para que o Brasil articule estratégias de resistência e fortalecimento democrático diante de um contexto geopolítico cada vez mais hostil.

Essa dinâmica evidencia a real intenção por trás da medida: não apenas pressionar economicamente, mas desestabilizar a democracia brasileira para conter o avanço de projetos políticos que representam uma ameaça à hegemonia dos EUA.

Assim, o tarifaço imposto por Trump é parte de um esforço coordenado para limitar a autonomia dos países periféricos com governos progressistas, utilizando o poder econômico como arma para desestabilizar regimes legítimos e democráticos.

Reconhecer essa estratégia é essencial para a construção de respostas políticas e diplomáticas que garantam a soberania e fortaleçam a democracia brasileira diante das pressões externas.


A gravidade da situação exige cuidado e responsabilidade do governo brasileiro

Não é com frases simplistas ou com símbolos como bonés dizendo “o Brasil é dos brasileiros” que se deve enfrentar uma crise tão complexa e grave. Essas expressões, ainda que pareçam inofensivas, se aproximam perigosamente do discurso xenófobo propagado pela extrema direita, que utiliza a soberania nacional como pretexto para promover exclusões e intolerâncias. Como adverte Hannah Arendt (2012), regimes autoritários modernos muitas vezes se constroem não apenas pela força, mas pelo empobrecimento do discurso político, pela substituição da reflexão crítica por palavras de ordem vazias.

O governo brasileiro precisa agir com muita cautela e responsabilidade, reconhecendo a real dimensão da ameaça que a imposição do tarifaço de Trump representa para a democracia e a soberania nacional. A situação é extremamente grave, pois não se trata apenas de uma disputa comercial, mas de uma tentativa clara de desestabilização política que pode comprometer as instituições e a estabilidade social. Michel Foucault (2008) nos lembra que o poder circula através de discursos e práticas que modelam o campo do possível. Quando se responde a um ataque geopolítico com slogans ou gestos simbólicos, perde-se a oportunidade de produzir resistência política consistente.

O momento exige muito mais cautela e uma análise profunda do cenário político e econômico por parte do governo, especialmente de seu líder maior, o presidente Lula. Em meio a uma ofensiva externa tão grave — como a imposição do tarifaço pelo governo Trump, que claramente visa desestabilizar a democracia brasileira e enfraquecer um governo progressista — é fundamental evitar discursos simplistas ou que minimizem os riscos reais para a estabilidade democrática. Como observa Judith Butler (2016), o discurso político, quando não se vincula às condições materiais e simbólicas que lhe dão sentido, pode reforçar exatamente aquilo que pretende combater: a desmobilização social, o cinismo político e a normalização do autoritarismo.

A democracia brasileira é um bem frágil, construído com muito esforço e que está hoje sob ataque explícito, tanto por forças internas quanto por pressões externas. Por isso, não se pode “brincar” com a democracia ou subestimar a complexidade das ameaças que se avolumam. O uso de retóricas simplistas ou discursos que não refletem a gravidade do contexto podem enfraquecer a resistência política e a capacidade de articular respostas estratégicas eficazes. Como alerta Nancy Fraser (2023), em contextos de dominação global, os projetos progressistas podem ser desestabilizados não apenas por forças externas, mas por erros internos de diagnóstico e de linguagem, que desorganizam a base de apoio e facilitam a corrosão institucional.

Assim, o governo Lula precisa incorporar em seu discurso e em suas ações um cuidado redobrado, reconhecendo a dimensão real da crise e a importância de construir consensos sólidos para proteger a democracia e a soberania do Brasil, sem cair em respostas simplistas ou posturas que possam ser exploradas por adversários internos e externos. É fundamental que o campo democrático compreenda que símbolos mal calibrados — como o uso de bonés nacionalistas em contextos delicados — não são inofensivos. Ao contrário, eles podem ressoar com a estética e a retórica da extrema direita, gerando ruído político, confusão de sentidos e enfraquecimento simbólico do próprio projeto democrático que se pretende defender.


Quem perde e quem ganha na ofensiva tarifária dos EUA contra o Brasil: uma análise inicial

A imposição unilateral de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros representa um golpe severo para o Brasil, especialmente para um governo progressista que busca ampliar sua autonomia econômica e política. No curto prazo, os efeitos dessa medida assimétrica revelam claramente quem são os principais perdedores e beneficiários dessa ofensiva econômica.

O Brasil é, sem dúvida, o maior prejudicado neste cenário. O impacto direto sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos — que em 2024 somaram cerca de US$ 42 bilhões — pode resultar em perdas significativas, estimadas em até US$ 16,8 bilhões anuais, com reflexos negativos sobre o Produto Interno Bruto, o emprego formal e a arrecadação pública. Setores fundamentais da economia, como commodities (minério de ferro, petróleo, soja), produtos agroindustriais (café, carne, suco de laranja) e segmentos industriais estratégicos (como a indústria aeronáutica e de máquinas), enfrentam uma crise de competitividade que pode provocar um efeito dominó em toda a cadeia produtiva nacional. Essa fragilidade econômica amplia a vulnerabilidade política do governo brasileiro, criando um ambiente propício para tensões internas e desestabilização social.

Do ponto de vista social, trabalhadores e populações diretamente ligados a esses setores exportadores são particularmente afetados. A redução da produção e das exportações pode levar à perda de centenas de milhares de empregos formais, precarização das condições de trabalho e diminuição do poder de compra, o que agrava ainda mais as desigualdades existentes. A queda na arrecadação tributária prejudica a capacidade do Estado de financiar políticas públicas essenciais, comprometendo a proteção social e o desenvolvimento sustentável.

Em contrapartida, os Estados Unidos emergem como os principais beneficiários dessa ofensiva tarifária, ainda que os ganhos macroeconômicos possam parecer modestos diante do tamanho absoluto de sua economia. No entanto, o valor estratégico dessa medida está na capacidade de exercer pressão geopolítica, mantendo sua hegemonia global e dificultando o avanço de projetos políticos e econômicos independentes em países periféricos como o Brasil. A estratégia do governo Trump configura uma ação de baixo custo para os EUA, que utilizam a enorme assimetria econômica entre os dois países para maximizar seus ganhos políticos e estratégicos.

Além disso, concorrentes do Brasil no mercado internacional — como México, Vietnã, Colômbia e Canadá — também podem aproveitar a redução da presença brasileira nos Estados Unidos para ampliar sua participação no comércio global, beneficiando suas economias locais e setores exportadores.

Assim, nesse primeiro momento, a balança da “guerra tarifária” pende fortemente para o lado dos Estados Unidos e seus aliados comerciais, enquanto o Brasil sofre perdas econômicas, sociais e políticas que podem comprometer sua estabilidade e soberania. Reconhecer essa dinâmica é fundamental para que o Brasil possa formular estratégias eficazes de resistência, diversificação econômica e fortalecimento institucional, protegendo sua democracia e buscando maior autonomia em um sistema internacional marcado por desigualdades estruturais.


Conclusão

A imposição unilateral da tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros transcende o campo meramente econômico, configurando uma estratégia deliberada de coerção geopolítica que visa desestabilizar o governo progressista de Lula e enfraquecer a democracia brasileira. Essa medida revela a assimetria estrutural entre uma potência hegemônica e um país periférico, cuja dependência econômica e fragilidade institucional são expostas e agravadas por práticas protecionistas de caráter autoritário.

Os impactos econômicos, que envolvem perdas significativas em exportações, PIB, empregos e arrecadação tributária, não são dissociados de efeitos político-culturais profundos, que corroem o tecido democrático e reforçam narrativas de subordinação e dependência. Ao impor esse “tarifaço”, os Estados Unidos não apenas pressionam economicamente o Brasil, mas buscam minar sua soberania e capacidade de desenvolver políticas públicas soberanas e progressistas.

Frente a esse desafio, o Brasil precisa adotar respostas estratégicas que vão além de retóricas simplistas e símbolos frágeis, apostando na diversificação econômica, na articulação diplomática e no fortalecimento das instituições democráticas. A compreensão da ofensiva tarifária como uma forma contemporânea de guerra híbrida, que combina medidas econômicas, simbólicas e políticas, é fundamental para a construção de uma resistência eficaz.

Assim, o tarifaço imposto pelo governo Trump expõe as vulnerabilidades de uma nação periférica e lança luz sobre os limites e contradições do sistema internacional atual. A defesa da democracia e da soberania brasileiras depende do reconhecimento dessas dinâmicas assimétricas e da capacidade do país em formular políticas integradas que promovam autonomia, justiça social e fortalecimento institucional no cenário global.


Referências

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Como citar este texto: 

CASTRO, Vanessa Maria de. Tarifaço, Guerra Híbrida e Democracia: Impactos da Ofensiva de Trump no Brasil. Julho de 2025. Disponível em: https://palavraemtranse.blogspot.com/2025/07/tarifaco-guerra-hibrida-e-democracia.html 


Quem eu sou neste ensaio: 

Sou Vanessa Maria de Castro, professora da Universidade de Brasília (UnB) geógrafa, psicanalista, com uma trajetória voltada para a análise crítica das dinâmicas geopolíticas globais, das tensões políticas internas e das formas de sofrimento social. Minha atuação é voltada para a pesquisa e compreensão das repercussões dessas dinâmicas na sociedade em geral, especialmente no que diz respeito à extrema direita, ao conservadorismo e às suas implicações para a democracia e os direitos humanos. Investigo como essas forças afetam a subjetividade humana, a estrutura social e a construção de espaços públicos e democráticos, com um olhar atento à resistência das populações marginalizadas e à necessidade de um compromisso profundo com a justiça social.



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